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28 March 2011

Andar Dua Luas

"Certa vez minha mãe me contou uma história dos pés-pretos sobre Napi, o Velho, criador dos homens e das mulheres. Para decidir se essas novas criaturas viveriam para sempre ou morreriam, Napi escolheu um pedaço de casca de árvore e disse que o jogaria no rio; se flutuasse, as pessoas viveriam para sempre; se afundasse, elas morreriam. A casca flutuou. Uma mulher sugeriu: "Tente com uma pedra. Se a pedra flutuar, viveremos para sempre, se afundar, morreremos." Napi jogou a pedra na água, e ela afundou. As pessoas morrem."

Andar Dua Luas, de Sharon Creech

Presente de amigo, melhor não há :). Um livro infanto-juvenil que traz várias tiradas super interessantes e que nos faz matutar.

22 March 2011

A mitopoética e seu impiedoso Sol do meio dia.

"Neste ‘Terra dos nomes perdidos’ de Karinna Gulias existe todo um inventário mitopoético da natureza, mas não como em Marianne Moore que se interessava mais por uma mitopoética paradoxal da similitude entre a natureza como metáfora e a natureza como símbolo, Karinna segue por uma via mais objetiva e menos obscura, a natureza aqui é ela mesma uma força mítica que não é diluída por uma visão alegórica de suas relações com o problema humano e possui uma irradiação que tem sua origem na luz de um sagrado laico que está no centro da estrutura romanesca dos poemas que lembram um imenso fio de Ariadne que nos leva a um lugar dentro dos acontecimentos onde a pulsação de uma força épica e lírica que lembra muito a tradição oral, fonte do poema enquanto força imagética a serviço de uma narrativa épica e lírica que no livro que temos em mãos, dá conta da realidade que nos cerca sem recorrer ao distanciamento irônico ou ao foco no eu lírico como centro do mundo.

A natureza é humanizada tendo o poema como uma energia do deslocamento, um olhar que narra a cidade e a natureza ambos coisificados, mas não diluídos dentro do poema, uma personagem esvaziada de sua biografia interior, Maria da Graça ente e simultaneamente lugar e persona de contornos bíblicos que se duplica e ao mesmo tempo se transfigura em metáfora da natureza nos poemas onde é chamada de Poca Sombra.

Não é difícil associar este procedimento de costurar os poemas através de uma narrativa lírica e épica em uma chave inversa da utilizada por Marianne Moore e mais próxima da que foi utiliza por Elizabeth Bishop que como Karinna também fez uso de uma abordagem mitopoética do cotidiano, inclusive do cotidiano do Rio de janeiro, esta associação que é coloquial em Bishop e objetiva em Karinna, torna a própria cidade e sua realidade esfacelada, uma personagem sutil dos poemas que são como já suspeitam os críticos mais sagazes, o cinema do futuro.

É interessante e nada gratuito também associarmos o título do livro ao uso insistente e repleto de significados míticos que o cineasta Glauber Rocha fez da palavra ‘Terra’, em ‘Terra em transe’, ‘A Idade da terra’ e ‘Deus e o diabo na terra do Sol’ são título de filmes seus que não escondem a intenção de serem vistos como poemas líricos, libretos de uma ópera sertaneja e barroca costurada com imagens capazes de construir uma tentativa de expor e interpretar o cotidiano como tragédia, sem deixar de vincular a essa tragédia a força e o mistério da natureza, das coisas e este denso livro de Karinna Gulias se filia de modo insuspeito ao projeto de Glauber."

Marcelo Ariel


Orelha do meu livro, escrita pelo poeta Marcelo Ariel

12 March 2011

Maria da Graça, Terra dos nomes perdidos

Essa é a metade do meu mais novo livro. Na íntegra só depois do lançamento, sorry:

8 March 2011

Iemanjá



Adoro esta canção cantada por Adriana Calcanhoto.