Nos espelhos correntes
Passam as barcas sob as pontes
E os anjos-correio
Descansam na fumaça dos navios de guerra
Entre a erva
Silva a locomotiva no cio
Que atravessou o inverno
As duas cordas de seu rastro
Atrás dela ficam cantando
Como uma guitarra indócil
Seu olho nu
Charuto do horizonte
Dança entre as árvores
Ela é Diógenes com o cachimbo aceso
Buscando entre os meses e os dias
Sobre a via equinocial
Comecei a caminhar
Cada estrela
É obus que rebenta
As plumas de minha garganta
Se enfraqueceram ao sol
que perdeu uma asa
O divino aeroplano
Trazia um ramo de oliveira entre as mãos
Entretanto
Os ocasos feridos dessangram
E no porto os dias que se arredam
Levam uma cruz no lugar da âncora
Cantando nos sentamos nas praias
Os mais bravos capitães ___O capitão Cook
______________________Caça auroras boreais
Num iceberg iam aos pólos _No pólo sul
Para deixar seu cachimbo em lábios
Esquimós
Outros cravam novas lanças no Congo
O coração da África ensolarado
Abre-se como os bicados figos
E os negros
de divina raça
Escravos na Europa
Limpando de seu rosto
a neve que os mancha
Homens de asas curtas
Percorreram tudo
E um nobre explorador da Noruega
Como butim de guerra
Trouxe à Europa
entre raros animais
E árvores exóticas
Os quatro pontos cardeais
Vicente Huidobro
Tradução: Carlos Nejar
[Desculpem a formatação errada, não sei como ajeitar isso aqui na edição de postagens - o blogspot não aceita facilmente]
12 February 2011
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