Poemas
[Vôo—]
A família fica:
Senti aquelas cosquinhas no meu pescoço
Ver velhice: Aquilo que traz risos, traz
rejeição.
Vai e vem. Alça...
Alba!
Volteia sobre as nossas cabeças aquela
ave
Dos voos vagos. Atormentadora–
O tempo que deve ocupar.
Silenciosa – a ave voa, dia e noite.
Como um abutre. Une as
Asas que enchem o céu de orgulhoso ar. Olha!
Naquela família em que crescem a mãe e o
pai.
Palavra comum. Volta e vê:
[Semen entes de simplicidade.
Uma sujeira dentro da unha pequena.
Trabalhar sem viga.
Encher a vasilha de água ou comida.
Mover passos gastos sobre a terra.
Ganhar.
[Recebia abraços.
O escuro do céu te puxa. Um olhar
passado.
Agora deixamos passar, passas.
– Aquela luz, acende na memória.
Validade:
Uma moeda se perde na velhice. Na família.
No abraço.
Sopra o vento nos meus cabelos supérfluos. Sopra e Nanã me esquece.
[Desmentir-se:]
Contra voz dizer-se?
Eu afirmo: Sim, é sopro...
Falo sem falar...
[e vejo aquela mãe velha chorona. Só,
Sem ter a quem dar, ela mente dia e outro.
Uma e outra. Sem saber.
Tristes olhos escondidos de moça.
Senescente.
Como se perde o gosto
E infantiliza o estômago,
Meruja alma. Ocre média. Velha ancinho busca
um cisco e
Encontra uma mão ainda mais antiga que
ela.
[– Quem és-...?
Esgotar
As décadas que observam a sua língua. Cada
vez mais apertada contra o céu.
Uma crença de saber mais.
Karinna Alves Gulias
Comments