Poemas

[Vôo—]

 

A família fica:

Senti aquelas cosquinhas no meu pescoço

Ver velhice: Aquilo que traz risos, traz rejeição.

 

Vai e vem. Alça...

Alba!

 

Volteia sobre as nossas cabeças aquela ave

Dos voos vagos. Atormentadora–

O tempo que deve ocupar.

 

Silenciosa – a ave voa, dia e noite.

Como um abutre. Une as

Asas que enchem o céu de orgulhoso ar. Olha!

 

Naquela família em que crescem a mãe e o pai.

Palavra comum. Volta e vê:

[Semen entes de simplicidade.

Uma sujeira dentro da unha pequena.

 

Trabalhar sem viga.

Encher a vasilha de água ou comida.

Mover passos gastos sobre a terra.

Ganhar.

[Recebia abraços.

 

O escuro do céu te puxa. Um olhar passado.

Agora deixamos passar, passas.

– Aquela luz, acende na memória.

 

Validade:

Uma moeda se perde na velhice. Na família. No abraço.

Sopra o vento nos meus cabelos supérfluos. Sopra e Nanã me esquece.

 

 

[Desmentir-se:]

 

Contra voz dizer-se?

Eu afirmo: Sim, é sopro...

Falo sem falar...

            [e vejo aquela mãe velha chorona. Só,

Sem ter a quem dar, ela mente dia e outro.

Uma e outra. Sem saber.

Tristes olhos escondidos de moça.

 

Senescente.

Como se perde o gosto

E infantiliza o estômago,

Meruja alma. Ocre média. Velha ancinho busca um cisco e

Encontra uma mão ainda mais antiga que ela.

[– Quem és-...?

Esgotar

 

As décadas que observam a sua língua. Cada vez mais apertada contra o céu.

Uma crença de saber mais. 


Karinna Alves Gulias




Direct link: https://www.youtube.com/watch?v=L-0eSTJV1to



Comments

Popular Posts